quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Confrontos entre seguidores de Mubarak e oposição dão novo rumo à crise

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Cairo, 2 fev (EFE).- Os violentos enfrentamentos entre partidários do presidente Hosni Mubarak e a oposição nesta quarta-feira na praça Tahrir marcaram um ponto de inflexão na crise política em que o Egito está submerso há nove dias.

A erupção da violência transformou o centro do Cairo no caos absoluto, sob o olhar passivo dos militares e de policiais, que nos últimos dias limitam suas funções a organizar o trânsito e proteger algumas embaixadas.
Fontes oficiais informaram que uma pessoa morreu e 403 ficaram feridas, embora o opositor Movimento 6 de Abril tenha falado em 500 feridos.
A violência eclodiu por volta das 12h no horário local (8h de Brasília), quando milhares de defensores de Mubarak se aproximaram da praça Tahrir para enfrentar os membros da oposição e tentar retirá-los do local com paus e barras de ferro.
Após momentos de tensão com a troca de insultos e a tentativa de militares de separá-los, teve início uma chuva de pedras em ambas as direções que feriu muitas pessoas na cabeça.
O principal foco dos confrontos se situou no acesso à praça Tahrir, em frente ao Museu Egípcio, onde se reuniram milhares de partidários governamentais.
A população chegou por diferentes meios. Muitos foram a cavalo, a camelo, em barcos pelo Nilo ou em seus próprios carros, tocando a buzina e gritando para Mubatak ficar.
A maioria dos partidários do governante era formada por homens jovens, mas mulheres e idosos também participaram dos confrontos.

No início da noite, algumas pessoas começaram a lançar coquetéis molotov na praça, o que provocou um incêndio que atingiu o Museu Egípcio, mas que logo foi cotido pelos militares. Das janelas dos edifícios, paus, cadeiras e diversos de objetos eram lançados sobre os manifestantes.

Mubarak anunciou em discurso televisado à nação na noite de terça-feira que não se apresentará às eleições presidenciais de setembro, e acusou determinados grupos políticos de estarem "manipulando e se aproveitando" destas manifestações.

"Necessita-se de liderança para escolher entre o caos e a estabilidade", acrescentou o governante.
No entanto, as cenas registradas nesta quarta-feira na praça Tahrir estão muito mais perto do caos do que da estabilidade citada por Mubarak.

O dirigente opositor Mohamed ElBaradei afirmou que "homens armados saíram para atacar manifestantes pacíficos e se provou que eram oficiais da Polícia vestidos de civiis".
A emissora catariana "Al Jazeera" revelou supostas identidades de policiais que participaram dos confrontos junto aos partidários do presidente.

Um porta-voz do Ministério do Interior desmentiu estas informações em declarações à agência oficial egípcia "Mena", e negou que "membros da Polícia disfarçados de civis tenham participado dos enfrentamentos".

Muitos egípcios nos arredores da praça emocionaram-se ao falar sobre a situação que vive o país.
"Mubarak deve sair antes que a guerra civil tenha início", disse a médica Dina Sabry, que foi ao local para acompanhar o confronto de perto. Segundo ela, Mubarak "conseguiu partir o país em dois".
Apesar dos rumores de que a chegada dos seguidores de Mubarak poderia ter sido organizada, os defensores do regime negaram que tivessem sido convocados ou que tivessem recebido instruções.
"Nosso presidente é nosso herói", disse à Agência Efe Mohammed Amín, quem foi à praça com vários amigos para gritar junto a outros seguidores do líder que "sem Mubarak não há segurança".
Os imames das mesquitas do Cairo fizeram chamadas à tranquilidade e ao controle em suas orações, mas o caos já tinha se instalado no país, onde desde 25 de janeiro manifestantes reivindicam a renúncia de Mubarak.

Fonte-ULTIMAS NOTICIAS DO UOL

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