Procurando gás:Petrobras e HRT vão investir R$ 4,5 bilhões em novas perfurações no Amazonas !
A Petrobrás tem na Província Petrolífera de Urucu, em território de Coari, reservas de gás e petróleo que poderão ser exploradas ininterruptamente pelos próximos 20 anos. Como a empresa mantém na Bacia do Solimões pesquisas com probabilidades altas de resultar na descoberta de grandes jazidas, especialmente de gás, sua presença no Amazonas deverá se estender por décadas.
A produção média diária em Urucu é de 10,36 mil metros cúbicos (m³) de gás e 53,5 mil barris/dia de óleo. A 11.ª rodada de licitações de blocos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que deverá ocorrer em 2012, vai tornar disponível mais 20 áreas na Bacia do Solimões, próximas a Urucu. A ANP calcula que, até 2020, a Petrobrás e a petroleira nacional HRT, que também pesquisa o subsolo da região, terão investido R$ 4,5 bilhões em análises, perfuração e extração de óleo e gás.
Apesar do otimismo quanto ao futuro de Urucu, os episódios policiais e os problemas administrativos levaram a Petrobrás a se afastar da área urbana de Coari. Antes atuante em ações sociais, a companhia já não participa de projetos de melhoria educacional e infraestrutura na cidade. O apoio à evolução dos municípios em que está presente é uma marca da companhia, que desenvolve programas em parceria com governos estaduais e municipais em todo o Brasil.
O escritório da Petrobrás, na Rua 15 de novembro, a principal do centro de Coari, esteve fechado e protegido por grades de ferro a maior parte do tempo neste segundo semestre. Só um segurança ficava de plantão. A quem procurava algum tipo de informação, ele recomendava que apresentasse por escrito o motivo de estar procurando a companhia.
A 16 km da sede do município, na margem direita do Rio Solimões, a Petrobrás mantém seu terminal de escoamento do petróleo e gás produzidos nos campos de Rio Urucu, Sudoeste Urucu e Leste do Urucu. As instalações são modernas, com seis tanques de armazenamento, três píeres, áreas administrativas, hotelaria para convidados e alojamento para os trabalhadores.
O Terminal Aquaviário de Coari é inacessível para os que não têm autorização da companhia. As visitas devem ser agendadas com antecedência, por meio de ofícios, e só são realizadas aos domingos. Não há estrada até Coari. O acesso é por barco ou helicóptero.
O foco das atividades nos poços de Urucu e no terminal distante resultou no aumento do desemprego em Coari. Com o fim das obras do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, em 2009, empresas terceirizadas deixaram a cidade.Desempregado desde outubro, Elias Santiago de Souza, de 24 anos, trabalhou nove meses como faxineiro no terminal, contratado por uma firma que prestava serviços à subsidiária Petrobrás Transporte (Transpetro). Ganhava R$ 760 mensais. "Disseram que finalizou o contrato. Se puder volto para lá, espero que me chamem de novo", contou ele, que vende nas ruas tucunarés, traíras, carás e piranhas, pescados na região .
A exploração de Urucu pela petroleira começou em 1988, com a abertura do primeiro poço. O campo petrolífero fica na selva, a 270 km de distância de Coari. O petróleo extraído vem por dutos até o terminal, onde é embarcado para a Refinaria de Manaus (Reman).O óleo leve é de excelente qualidade. Na refinaria, transforma-se em gasolina, diesel e nafta, distribuídos para os Estados das regiões Norte e parte do Nordeste. O gás de Urucu segue para Manaus pelo gasoduto que atravessa a selva amazônica e os rios da região. Antes do gasoduto, as embarcações que recolhiam o óleo e o gás levavam até uma semana para chegar a Manaus.
Com base na produção, a ANP calcula o valor dos royalties devidos pela Petrobrás. A companhia deposita a quantia na Secretaria do Tesouro Nacional, que faz o repasse aos Estados e municípios.
No caso de Coari, os milhões provenientes dos royalties têm gastos inexplicados. Para d. Marcos Piatek, bispo da cidade, "a preocupação com a questão social tem de existir" e a população precisa "ser conscientizada". D. Marcos está no município desde a última semana de outubro. Diz que o pouco tempo ainda não lhe deu condições de falar com objetividade sobre tudo o que está ocorrendo, mas que escuta comentários sobre o desvio dos recursos provenientes da atividade petrolífera.
Procurada pelo Estado, a Petrobrás não respondeu à mensagem eletrônica (exigência feita pela assessoria da estatal) com perguntas sobre sua atuação em Coari.
Fonte: O Estado de S.Paulo
A Petrobrás tem na Província Petrolífera de Urucu, em território de Coari, reservas de gás e petróleo que poderão ser exploradas ininterruptamente pelos próximos 20 anos. Como a empresa mantém na Bacia do Solimões pesquisas com probabilidades altas de resultar na descoberta de grandes jazidas, especialmente de gás, sua presença no Amazonas deverá se estender por décadas.
A produção média diária em Urucu é de 10,36 mil metros cúbicos (m³) de gás e 53,5 mil barris/dia de óleo. A 11.ª rodada de licitações de blocos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que deverá ocorrer em 2012, vai tornar disponível mais 20 áreas na Bacia do Solimões, próximas a Urucu. A ANP calcula que, até 2020, a Petrobrás e a petroleira nacional HRT, que também pesquisa o subsolo da região, terão investido R$ 4,5 bilhões em análises, perfuração e extração de óleo e gás.
Apesar do otimismo quanto ao futuro de Urucu, os episódios policiais e os problemas administrativos levaram a Petrobrás a se afastar da área urbana de Coari. Antes atuante em ações sociais, a companhia já não participa de projetos de melhoria educacional e infraestrutura na cidade. O apoio à evolução dos municípios em que está presente é uma marca da companhia, que desenvolve programas em parceria com governos estaduais e municipais em todo o Brasil.
O escritório da Petrobrás, na Rua 15 de novembro, a principal do centro de Coari, esteve fechado e protegido por grades de ferro a maior parte do tempo neste segundo semestre. Só um segurança ficava de plantão. A quem procurava algum tipo de informação, ele recomendava que apresentasse por escrito o motivo de estar procurando a companhia.
A 16 km da sede do município, na margem direita do Rio Solimões, a Petrobrás mantém seu terminal de escoamento do petróleo e gás produzidos nos campos de Rio Urucu, Sudoeste Urucu e Leste do Urucu. As instalações são modernas, com seis tanques de armazenamento, três píeres, áreas administrativas, hotelaria para convidados e alojamento para os trabalhadores.
O Terminal Aquaviário de Coari é inacessível para os que não têm autorização da companhia. As visitas devem ser agendadas com antecedência, por meio de ofícios, e só são realizadas aos domingos. Não há estrada até Coari. O acesso é por barco ou helicóptero.
O foco das atividades nos poços de Urucu e no terminal distante resultou no aumento do desemprego em Coari. Com o fim das obras do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, em 2009, empresas terceirizadas deixaram a cidade.Desempregado desde outubro, Elias Santiago de Souza, de 24 anos, trabalhou nove meses como faxineiro no terminal, contratado por uma firma que prestava serviços à subsidiária Petrobrás Transporte (Transpetro). Ganhava R$ 760 mensais. "Disseram que finalizou o contrato. Se puder volto para lá, espero que me chamem de novo", contou ele, que vende nas ruas tucunarés, traíras, carás e piranhas, pescados na região .
A exploração de Urucu pela petroleira começou em 1988, com a abertura do primeiro poço. O campo petrolífero fica na selva, a 270 km de distância de Coari. O petróleo extraído vem por dutos até o terminal, onde é embarcado para a Refinaria de Manaus (Reman).O óleo leve é de excelente qualidade. Na refinaria, transforma-se em gasolina, diesel e nafta, distribuídos para os Estados das regiões Norte e parte do Nordeste. O gás de Urucu segue para Manaus pelo gasoduto que atravessa a selva amazônica e os rios da região. Antes do gasoduto, as embarcações que recolhiam o óleo e o gás levavam até uma semana para chegar a Manaus.
Com base na produção, a ANP calcula o valor dos royalties devidos pela Petrobrás. A companhia deposita a quantia na Secretaria do Tesouro Nacional, que faz o repasse aos Estados e municípios.
No caso de Coari, os milhões provenientes dos royalties têm gastos inexplicados. Para d. Marcos Piatek, bispo da cidade, "a preocupação com a questão social tem de existir" e a população precisa "ser conscientizada". D. Marcos está no município desde a última semana de outubro. Diz que o pouco tempo ainda não lhe deu condições de falar com objetividade sobre tudo o que está ocorrendo, mas que escuta comentários sobre o desvio dos recursos provenientes da atividade petrolífera.
Procurada pelo Estado, a Petrobrás não respondeu à mensagem eletrônica (exigência feita pela assessoria da estatal) com perguntas sobre sua atuação em Coari.
Fonte: O Estado de S.Paulo